O
tempo não para, as notícias, os dias, as horas amontoam-se.Tudo em
volta parece pairar no ar como se houvesse uma névoa densa ao redor, que
impede que eu enxergue direito; me Oriente ao certo, sinta o que me
toca. Parece que nada ao redor é real.
Sinto
que é e não é isso, tudo meio entorpecido, confuso, quase vago. Depois
de tanto tempo, percebo-me então acostumado a esse sentimento. Essa
tediosa percepção é tudo que tenho. Tento expandir os horizontes, abrir a
mente, sem os aditivos rotineiros. Exige um movimento hercúleo, longo e lento. Me permite partir do questionamento:
Será
que é pelo fato de ser tão massacrante sentir a dor do Mundo, saindo do
próprio umbigo, encarar o espelho, e imediatamente a partir daí ser
plenamente incapaz de negar o outro por um minuto sequer, que fugimos o
tempo todo do real, embarcando em todas as fugas e armadilhas
oferecidas pelo Mundo, coisa e tal?
E mais:
Praticaríamos
uma negação da negação, em busca de resultados práticos e rápidos, como
o macarrão instantâneo, que muito embora não seja de fato um alimento
substancioso, mata a fome por enquanto?
Seria
o Medo o adubo de toda essa mediocridade, confusão e comodismo que
aceitamos estar ao nosso redor? É através do próprio medo que cedemos
cada vez mais, lentamente sendo devorados pelo tédio das horas, pela
frustração dos desejos não realizados?
Como Maurício, protagonista do romance “Limite Branco" do afiado Caio Fernando Abreu, se eu fosse um símbolo, certamente seria uma enorme interrogação. Tanto faz se isso é bom ou mal. Perder é sempre mais do que hesitar. E eu não vou me aventurar no Âmbito político, porque a questão levantada aqui abarca TUDO. Por medo, se deixa de fazer muita coisa, e muitas outras se faz.
3 comentários:
UMA BELEZA PARABÉNS !!!
a noite às claras
agarravam-se sem fim
misto de desespero
e sexo
até perder o fôlego
então na alvorada
ambos já desarmados
entre-olhos
admitiam seus medos
e dormiam...
com a coincidência pesada.
Precisamente! Precisamos pesar as coincidências, apesar dos pesares das consciências!
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