O
tempo não para, as notícias, os dias, as horas amontoam-se.Tudo em
volta parece pairar no ar como se houvesse uma névoa densa ao redor, que
impede que eu enxergue direito; me Oriente ao certo, sinta o que me
toca. Parece que nada ao redor é real.
Sinto
que é e não é isso, tudo meio entorpecido, confuso, quase vago. Depois
de tanto tempo, percebo-me então acostumado a esse sentimento. Essa
tediosa percepção é tudo que tenho. Tento expandir os horizontes, abrir a
mente, sem os aditivos rotineiros. Exige um movimento hercúleo, longo e lento. Me permite partir do questionamento:
Será
que é pelo fato de ser tão massacrante sentir a dor do Mundo, saindo do
próprio umbigo, encarar o espelho, e imediatamente a partir daí ser
plenamente incapaz de negar o outro por um minuto sequer, que fugimos o
tempo todo do real, embarcando em todas as fugas e armadilhas
oferecidas pelo Mundo, coisa e tal?
E mais:
Praticaríamos
uma negação da negação, em busca de resultados práticos e rápidos, como
o macarrão instantâneo, que muito embora não seja de fato um alimento
substancioso, mata a fome por enquanto?
Seria
o Medo o adubo de toda essa mediocridade, confusão e comodismo que
aceitamos estar ao nosso redor? É através do próprio medo que cedemos
cada vez mais, lentamente sendo devorados pelo tédio das horas, pela
frustração dos desejos não realizados?
Como
Maurício, protagonista do romance “Limite Branco" do afiado Caio
Fernando Abreu, se eu fosse um símbolo, certamente seria uma enorme
interrogação. Tanto faz se isso é bom ou mal. Perder é sempre mais do
que hesitar. E eu não vou me aventurar no Âmbito político, porque a
questão levantada aqui abarca TUDO. Por medo, se deixa de fazer muita
coisa, e muitas outras se faz.
Quando morre alguém famoso, que
você conhece bem e os outros nem tanto, você comenta o fato e as pessoas ficam
com aquela cara de interrogação, ou dão de ombros, sem entender porque você
gosta tanto do sicrano. Nesses meus anos de Rock’N’Roll passei diversas vezes
por esse tipo de situação. Mas isso tem explicação:
Parafraseando um amigo sábio,
nós, que amamos o bom e velho Rock’N’Roll crescemos ouvindo discos até cansar(Só
que não), lendo sobre as lendas criadas em torno de bandas e artistas,
frequentando lugares onde se toca o som que a gente gosta; indo aos shows de diversos
artistas que amamos: é como se esses caras todos fizessem parte da nossa
família.
Nos apropriamos desses laços. Aí
morre um artista, e tá você lá cabisbaixo. Perguntam porque você tá triste, e
você responde “Ah, Fulano morreu”. A pessoa solta um “humpf” (ou pior “Antes
ele do que eu”) e a vida segue.
Hoje fui pego desprevenido quando
navegava na net antes de ir pra cama. Lemmy Kilmister fez a passagem. Motorhead
perde seu líder e força Motriz. Eu perco um ídolo e a chance de ver uma das
maiores bandas de Metal que existe. O que me deixa puto da vida, porque eles
vieram tocar três vezes nos últimos 10 anos, e eu sempre estava sem dinheiro
para ir ao show.
Motorhead é a banda que gravou
R.A.M.O.N.E.S, prestando uma homenagem à banda que fez muita gente pegar seus instrumentos
e tocar. Lemmy Kilmister fez questão de dizer várias vezes que os caras o
influenciaram. Eis aí um artista verdadeiro, que não esquece suas origens,
ainda que o som que a banda que ele criou seja diferente da banda homenageada.
Também teve a honra de ser roadie do mitológico Jimmy Hendrix, e quando lhe
perguntavam sobre esse período da sua vida, ele respondia que não lembrava de
nada por conta da quantidade de drogas consumidas por todos os membros da
turnê. Era um cara descolado e também trabalhava com muitos dos artistas que
vieram depois dele, como Dave Ghrol, Nina Hagen e até Shonen Knife (banda de
rock japonesa).
Bebia, fumava, e segundo as más
línguas, tomava anfetaminas como se fossem sucrilhos. Até alguns anos atrás,
quando problemas de saúde o afastaram do álcool e do cigarro. Mas ele mantinha
sua Atitude. Um cara com sexagenário detonando com sua banda até dizer chega. Infelizmente, esse chega veio
hoje de manhã. As primeiras notícias falam de um câncer extremamente agressivo,
descoberto no dia 26/12. Detalhe, ele acabara de completar 70 anos no dia
24/12. Não viveu mais do que 4 dias na casa dos 70. Recentemente, numa
entrevista, perguntaram a ele se os problemas de saúde que teve em 2013 o
fizeram ser mais cuidadoso consigo mesmo, ele respondeu categoricamente: "A
morte é inevitável, não é? Você fica cada vez mais propenso à ela quando atinge
a minha idade. Não me preocupo com isso. Estou pronto para morrer. Quando eu
for, quero ir fazendo o que eu faço melhor. Se eu morrer amanhã, não posso
reclamar. Minha vida foi boa." (Para mais
detalhes, leia o texto: Lemmy Kilmister: "Estou pronto para morrer. Minha
vida foi boa" )
Sempre uma figura honesta e crua,
Lemmy vai fazer falta nesse mundo de politicamentecorreticidades e
superficialidades. Mas ouçamos seu som em alto volume! É a melhor
maneira de homenagear os grandes guerreiros que tombam. Sua música permanecerá
conosco! Eis uma playlist matadora no youtube para quem quiser matar a saudade - ou conhecer, se ainda não o fez!
Fim de ano chegando! Hora de começar aquela lista de
resoluções para o próximo, não? Então, apesar do crescente uso de Espertofones, eu, como as Traças, prefiro o papel, não dispensando a boa e velha agenda.
Existem diversos modelos (mas é claro que você sabe disso, dãghn): há quem prefira agendas mais sóbrias, profissionais. Outros, agendas coloridas e/ou cheias de adesivos. Eu prefiro uma agenda que
seja prática de carregar, organizar as informações úteis e que carreguem referências artísticas, que me façam refletir
sobre a vida, tudo ao mesmo tempo, agora! Acontece que mais interessantes, artísticas e ainda práticas, são da Tasken, da Teneues e de outras editoras Estrangeiras que custam os dois olhos da cara mais um rim.
Mas depois de anos namorando agendas carésimas, eu descobri a Agenda da Tribo, que é made in Brasil e tem tudo isso que procuro numa agenda: é descolada, prática, possui capas excelentes e tem duas opções de tamanho. Mais ainda: contém poemas e textos de autores contemporâneos, gente que não está entre os medalhões, que tem na Agenda a chance de ser lido por qualquer pessoa que parar aqueles 5 minutos diários para revisar a agenda do dia!
Pensando nisso que enviei três poemas, descompromissadamente, pois sou fã da Tribo. Não esperava que acontecesse o que aconteceu. Na verdade, já tinha até esquecido que havia enviado os poemas. eis que um dia recebo um E-mail da equipe de Arte da Tribo informando que um dos meus poemas fora selecionado para integrar a agenda de 2016! Não acreditei até que recebi as agendas!
Olha só que trabalho bonito! E olha que estas são as Agendas de capa simples!
Os Livros da Tribo, à direita o tamanho Grande, e à esquerda o Tamanho Pequeno.